sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Várzea Nova comemora 27 anos de Emancipação Politica neste sábado 25 de Fevereiro


A história varzeanovense começa em meados de 1913 quando o Sr. Zacarias Domingos de Jesus em uma empreitada em busca de uma nova terra, uma nova vida, fixa residência neste local.
Vindo da Fazenda Cercadinho (pov. De Morro do Chapéu) em busca de uma lagoa avistada por um grupo de vaqueiros, e também por estar fugindo de uma epidemia de sezão (malária), o velho Zacarias chega até este território à procura de melhorias para ele e sua família. Com o tempo, o lugar até então habitado apenas pelos Domingos de Jesus, recebe a companhia de outra família, chefiada pelo Sr. José Botafogo, vindo de um lugarejo chamado Riachão de Utinga e velho conhecido da família Domingos de Jesus.
É interessante lembrar que a antiga vegetação até então não desmatada, propiciava a esta região chuvas bem mais intensas, e com isso, muitas fontes de água potável. O Sr. Zacarias mesmo contribuiu muito com a perfuração de várias cacimbas pelos arredores da cidade, sendo que a mais conhecida de todas elas é a que leva o nome de sua segunda esposa, a cacimba de “Dona Generosa”. Isso também chamava a atenção de outras pessoas que passavam por esta região.
Com o passar do tempo, o pequeno lugarejo, que antes não tinha nenhuma pretensão de crescer de forma tão rápida, começa a receber outros visitantes, e com eles novas idéias. Esses novos habitantes, dentre eles alguns que professavam a fé calvinista, compravam ou até mesmo ganhavam do Sr. Zacarias pequenos espaços de terra para que pudessem produzir e se manter no local. E é a partir daí que o pequeno povoado toma status de provável cidade, transformando-se em um pequeno centro comercial para os povoados da circunvizinhança, trazendo além de benefícios e crescimento sócio-econômico, uma intensa pretensão de emancipação política.
No entanto, o que vai realmente tornar propício o crescimento deste povoado é a construção da BA – 426 (Estrada que liga Morro do Chapéu a Várzea Nova), pois antes a via de acesso que ligava as duas localidades era uma estrada vicinal que tinha como saída à atual Avenida Presidente Médici (por isso o nome Rua do Morro). Porém, Várzea Nova desde antes tinha ligações viárias com outras localidades como: Miguel Calmon, França, Jacobina, entre outras.
Portanto, percebe-se que a construção da BA – 426, em meados da década de 1940, trouxe consigo um rápido crescimento para a localidade, favorecendo um intenso fluxo de veículos que escoavam a produção de grãos da região de Irecê, além de possibilitar que a produção local fosse comercializada.
Outro motivo, talvez primordial, para este rápido crescimento foi a chegada do Agave (sisal), trazido pelo então Reverendo Presbiteriano Otacílio Alcântara na década de 1950. A primeira área plantada foi num terreno comprado do Sr. José Botafogo (a conhecida “usina”), depois expandindo de forma absurda por toda a região, tornando-se a principal fonte de riqueza e exploração agrícola de todo este território.
Com o passar do tempo, percebe-se que o sisal pôde trazer mais do que o esperado, e isto trouxe também esperança de desenvolvimento social. E a partir daí, há uma série de investimentos ligados a esta nova cultura, como novas áreas plantadas, novas usinas, novas idéias e novos tipos de investimentos secundários, como postos de combustíveis, novos comerciários e vários pontos de atividades distintas para atender a demanda pela procura da população, tais como farmácias, supermercados, lojas de conveniência, estabelecimentos de outras finalidades e também novos pontos de lazer como o cine/boate “ A Cinderela” .
A partir daí, a região começa a receber muitos visitantes à busca de trabalho, sendo que a maioria deles eram “Nortistas” vindo de estados como Pernambuco, Paraíba, Ceará, entre outros. Estes novos moradores trouxeram em seu bojo um novo ânimo para o povoado. Vontade de crescer, de produzir, de investir, e assim se perpetua a idéia de uma Várzea Nova como cidade, se expande, assim, entre a população, o sentimento de emancipação político-administrativa, novo desafio que será enfrentado e posteriormente vencido pela população.
Nesse momento, Várzea Nova que tinha como representantes político os Srs. Ariobaldo Oliveira, Arthur Galdino de Oliveira e João Aureliano Gomes se juntaram a mais algumas lideranças do povoado para discutir a possível emancipação. Essas lideranças eram: Manoel Silvestre de Oliveira, Prof. Lourival Martins (Jacobina) e Prof. Joel Alves Ferreira. Nesta época, Flávio Mesquita era o então prefeito da cidade de Jacobina.
Em 1984 o Governo do Estado da Bahia tinha um projeto para dar a então “liberdade política” para uma série de distritos baianos. Em 1985, houve a implantação de 79 municípios, dentre estes, Várzea Nova (que neste momento era um dos maiores municípios jacobinenses) foi beneficiada por esta ação governamental. Porém, para que um distrito passasse a ser cidade, antes de tudo teria de ser indicado por um representante do Legislativo Estadual para votação na Assembléia Legislativa em Salvador. Quem indicou o nome de Várzea Nova para este projeto foi o então Dep. Estadual Gilberto Miranda.
Com a aprovação do projeto em plenário, o próximo passo para a emancipação era o plebiscito (resolução submetida à apreciação do povo), essa resolução trazia a seguinte proposta: “Você quer que Várzea Nova se torne Cidade? Sim ou Não”. As lideranças varzeanovenses se juntaram para que todos votassem pelo sim, e finalmente o povoado se tornasse cidade. E deste modo, no final de 1984 houve votação para que o povo decidisse o futuro político/administrativo da localidade. A votação foi realizada em um único local, situado na Praça Zacarias Domingos de Jesus (onde hoje é o atual INFOCENTRO), e obteve como todos esperavam, uma vitória folgada sobre o “NÃO”.
Daqui por diante, todos os que participaram e contribuíram diretamente pela liberdade política de Várzea Nova se reuniram para um diálogo que deveria estabelecer uma única chapa para as eleições de 1985. Este diálogo inicialmente estabeleceu que o Sr. Ariobaldo Oliveira seria o candidato único a prefeito, tendo como vice o Sr. João Aureliano Gomes (estes dois já haviam sido vereadores em Jacobina, representando Várzea Nova, sendo que João Gomes tinha sido cassado por perder cinco plenárias seguidas na Câmara, nesta época, vereador não era remunerado). No entanto, há uma reviravolta que mudaria todos esses planos estabelecidos por este grupo.
Com a corrida eleitoral, Maria Iris Gomes, filha de João Aureliano Gomes e que há pouco tempo tinha se formado pela UCSal - Universidade Católica de Salvador – para Licenciatura em Letras veio em direção a Várzea Nova. Neste momento boa parte da população não conhecia a pessoa de Iris Gomes. E é a partir daqui que os rumos da cidade tomam uma direção que ninguém esperava.
Por algum motivo o grupo que tinha se firmado como único a disputar as eleições de 1985 se dividiu. O primeiro grupo tinha como líder e candidato a prefeito o Sr. Ariobaldo Oliveira e agora como vice Paulo Roberto Pereira de Oliveira, e o segundo, a Srª Iris Gomes como prefeita e Edson Sales como vice.
Os próximos meses foram de intenso combate pelo executivo municipal, tendo ao final das contas Iris Gomes como prefeita com apenas 36 votos de frente. Nesta mesma eleição, a primeira Câmara Municipal de Várzea Nova foi composta, tendo como representantes:
• Arlindo Bernardo do Nascimento (Presidente); • Arthur Galdino de Oliveira; • Amarílio Mota Carneiro; • Ezequias Mota Carneiro; • Ariosvaldo Costa; • Eron Maia Brito; • Aurino Alves de Souza; • Adilson Rocha Oliveira; e • Luiz Bispo de Oliveira.
De 1986 aos tempos de hoje a cidade continuou a crescer, porém não com a intensidade dos anos de 1970 e 1980. A cidade em algumas épocas passou por uma estagnação político/econômica e muitas pessoas foram embora por diversos motivos, a maioria deles por falta de emprego e recursos financeiros.
Locais que serviam de lazer foram fechados, como o cine/boate A Cinderela. E Várzea Nova, que era reduto de cultura, tendo como trabalhos do prof. Manoel Ferreira de Morais uma intensa valorização do LOCAL, foram esquecidas.
Finalmente, a cidade de alguma forma esqueceu a sua origem, a sua história, de onde veio e quais eram os seus sonhos. E isso se refletiu diretamente na população que se alienou e que muitas vezes perdeu a esperança de desenvolvimento. No entanto, este sentimento ainda permanece vivo na mente e no coração daqueles que acreditaram e lutaram por esta cidade que, historicamente, progrediu de forma moderada, todavia intensa. E este é ainda o desejo de todo varzeanovense, seja ele “filho da terra”, “nortista” ou de outras regiões que vieram para esta cidade e tomaram amor por esta terra.

Parabéns Várzea Nova!

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